A censura dos meios de comunicação não é novidade alguma como medida preventiva do governo de diversos países. O medo de que a verdade seja anunciada para toda uma população é de dar frio na espinha de qualquer governante. No Brasil, o caso de censura mais conhecido foi o aplicado pelo governo de 1964 que inibia a liberdade de imprensa.
Se você acha que isso é coisa do passado, está enganado. Em 2002, o jornal de maior circulação em Brasília foi proibido de publicar uma matéria que divulgaria trechos de escutas telefônicas de funcionários do governo da cidade. Em outros países a situação é ainda mais complicada.
Se você pensar que a Internet é um meio livre de censura com conteúdo colaborativo, estaria enganado outra vez. É exatamente o caso do governo imperialista chinês, que detêm o poder sobre o que os internautas podem acessar. Para ter uma idéia, na China, sites e blogs com conteúdo político têm seu acesso bloqueado. A Wikipédia, enciclopédia on-line escrita pelos usuários, já foi bloqueada por lá até que seu conteúdo tenha se adequado às normas.
As ferramentas de busca também têm seus resultados filtrados de acordo com o que o governo exige. O Yahoo! China foi uma das primeiras a chegarem ao país, mas os resultados com “conteúdo proibido” não apareciam na lista. Em 2006, o Google abriu um escritório no país e o caso não foi diferente, embora eles tenham sido os primeiros a alertarem os usuários sobre o filtro. Os usuários ainda podem acessar a versão americana do site sem o filtro, mas não têm acesso a sites como o Gmail ou o Blogger no país por questões de privacidade em relação ao governo chinês.
A censura atualmente não é exclusiva de governos imperialistas como o da China. No Brasil, em 2006, há casos como o do Orkut, serviço de relacionamento do Google, que foi ameaçado pelo governo de ser fechado caso a empresa não fornecesse informações de usuários e comunidades. Como conclusão, ganhou uma interface exclusiva que permite à Polícia Federal fechar comunidades e investigar usuários do sistema, se o conteúdo for ilegal.
O YouTube também não ficou fora da censura. O site de compartilhamento de vídeos mais comentado de 2006, comprado pelo Google por 1,65 bilhões de dólares, foi indiretamente escolhido como a celebridade do ano da revista Time e foi bloqueado no Brasil no início de 2007, causando um enorme alvoroço entre seus usuários no país. O caso foi iniciado quando, por volta de Outubro de 2006, foi espalhado na Internet cenas em que a modelo e apresentadora da MTV Daniella Cicarelli trocava mais do que carícias em uma praia pública com o seu namorado. Embora o site tenha bloqueado o vídeo, os usuários acabavam por colocá-lo novamente com nomes diferentes.
Conforme noticiado pelo portal Terra, a brincadeira da Cicarelli rendeu processos não só ao YouTube, mas ao portal iG, controlado pela BrasilTelecom e até mesmo à Rede Globo. Após a decisão judicial, todos os usuários assinantes da BrasilTelecom tiveram seu acesso ao site bloqueado até que encontrem uma forma efetiva de não veicular tal vídeo.
Precisamos entender que a Internet é uma forma de difundir informação muito dinâmica, com a vantagem de possuir conteúdo colaborativo. Assim como no mundo real, devemos usar o bom senso para julgar o que deveria ou não ser publicado. A Internet não é um mundo sem leis e a legislação em vigor prevê diversas punições para crimes cometidos no mundo virtual. Cabe aos usuários permitirem que o conteúdo permaneça livre e difundido, sem esquecer, é claro, que sempre tem alguém observando.
Publicado em 30 de janeiro de 2007, no caderno Viva! do Jornal de Brasília
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