Hoje é o último dia da Macworld, que acontece em San Francisco e da CES, que acontece em Las Vegas. No decorrer dos últimos anos esses dois eventos têm acontecido simultaneamente e com um único objetivo: atrair a atenção do consumidor.
Em 2009 a coisa tem se mostrado um pouco diferente. Os eventos, embora ainda com produtos inovadores, parecem ter recuado um pouco, aparentemente pela desaceleração de vendas causada pela recessão que vive a economia americana atualmente. Mesmo assim, foram lançadas novas televisões, vários produtos conceitos, softwares e notebooks grandes e modernos.
Aparentemente, por uma parte de consumidores geek, a Macworld têm ofuscado a CES. Há 2 anos atrás, por exemplo, foi na Macworld que Steve Jobs em pessoa apresentou ao mundo o iPhone. Temos que assumir: quer você goste ou não dele, o aparelho quase sem botões da Apple tornou-se muito popular e foi um divisor de águas no mercado de celulares.
Esse ano, no entanto, a Apple parece ter recuado um pouco. Algumas semanas antes Steve Jobs havia anunciado que não participaria do evento e que esse ano seria o último em que a Apple participaria. O anúncio foi um choque para outras empresas que dependem do evento para vender seus produtos.
Enquanto a Apple apresentou uma atualização do iPhoto, o Google apresentou a versão para Mac do Picasa, ambos softwares de organização e edição de fotos. O curioso é que, embora o iPhoto tenha recursos novos muito interessantes (e é pago) o Picasa (gratuito) sempre foi muito aguardado pelos usuários de Mac o que causou mais alvoroço no mundo virtual do que os anúncios da Apple.
Mas a estratégia da Apple pode até fazer sentido. Vamos contar:
- Em tempos de crise, os americanos têm se mostrado mais cautelosos para compras. Ao invés de lançar super produtos cuja produção e o preço final são caros é mais difícil atrair o cliente. Eles preferiram lançar atualizações de software que não são o carro chefe e um notebook maior para saciar os mais sedentos
- A Apple deixa de ter uma obrigação de lançar produtos em data marcada. A Apple sempre teve a filosofia de lançar o produtos quando ele estiver pronto, não quando o tempo chegar. A obrigação de uma marca e a provável decepção do cliente com o lançamento (ou não) de um produto pode fazer com que as ações da empresa oscilem demais.
- Steve Jobs tenta (novamente) ter seu nome desvinculado dos lançamentos da empresa. Isso pode ajudar a fazer com que o anúncio de problemas de saúde do chairman mais famoso dos geeks afetem menos as ações da empresa, já que outros podem desenvolver o papel dele nas equipes de produção.
Para ser ter uma idéia do balde de água fria que a Apple jogou, ela não apresentou nenhum dos rumores que circularam, como o iPhone Nano/Pro, um iPhone com mais memória ou o Snow Leopard, sucessor do Leopard em nova versão do MacOS X. Apenas foram lançadas versões novas do iLife, iWork e atualizações na iTunes Store (como a remoção de DRM).
Na CES a coisa também não foi diferente. Sim, as empresas apresentaram diversos produtos novos como telas menores, netbooks, Music Players, mas nada parece ter enchido os olhos dos consumidores que têm medo de comprar. O maior destaque talvez seja da Microsoft que anunciou que a partir de hoje estará disponível o download da versão beta do Windows 7 para todo o público interessado.
Ainda focado na crise, a estratégia da Microsoft é inteligente e necessária. Com as fracas vendas do Windows Vista somado com as fortes críticas ao sistema, a Microsoft precisa corrigir os problemas fortemente apontados pela crítica e aprimorar o sistema. Muitos elogios têm sido feitos ao Windows 7 e até uma suposta versão beta havia vazado nas redes torrent (acredita-se que esse vazamento possa ser proposital para divulgação viral).
Vamos esperar que as empresas foquem um pouco mais na qualidade do que nas cifras durante esse ano uma vez que os consumidores estão mais cautelosos e mais críticos com a dificuldade financeira que têm passado. Essa pode ser a chave de sucesso para as empresas que iniciaram a era da informática e da internet e tentam fortemente sobreviver no mercado que está cada vez mais competitivo.